RISCOS DOS TRABALHOS EM ESPAÇO CONFINADO: Caixas de manobra de água[1]
Moisés Alves Pimentel[2]
Reinaldo Jeruzalem Silva3
Alexandre Pinto da Silva4
RESUMO
O ambiente caracterizado como espaço confinado, pode ser definido como um volume fechado por paredes e obstruções que apresentam restrições para: o resgate de pessoas, o acesso, a movimentação e a ventilação natural. Este ambiente merece atenção especial pelo departamento de saúde e segurança ocupacional, uma vez que os acidentes ocorridos neste tipo de ambiente possui uma grande gravidade. A metodologia utilizada foi um estudo de caso em caixa de manobra de água potável que tem por objetivo apresentar as informações básicas para definir e identificar os riscos e perigos mais comuns relacionados aos trabalhos em espaço confinado.
Assim sendo, o presente trabalho tem como finalidade uma análise crítica da atividade, como também a avaliação dos riscos existentes e propostas de treinamentos, a fim de se evitar acidentes durante as atividades em espaço confinado.
Palavras-Chave: Espaço Confinado, Riscos, Perigos.
[1]Trabalho apresentado na conclusão do Curso de Pós Graduação em Segurança do Trabalho, da Faculdade Pitágoras, ano 2015.
[1]Engenheiro Civil, Pós Graduando em Segurança do Trabalho, msese@hotmail.com.
3Engenheiro de Produção, Pós-Graduando em Segurança do Trabalho, rei.j@ig.com.br
4Orientador, Engenheiro de Segurança do Trabalho,alexandresilva.professor@gmail.com1 INTRODUÇÃO
A falta de conhecimento e ou preparo para execução de determinadas tarefas rotineiras envolvendo espaço confinado, continua sendo um grande desafio para vários empregadores e profissionais de saúde e segurança do trabalho. Essa situação decorre, ou por desconhecerem normas existentes que permita uma maior segurança no desenvolver das atividades ou por negligenciar procedimentos existentes.
É de suma importância que os trabalhadores que executam tais atividades, sejam orientados quanto às medidas de saúde e segurança no trabalho, bem como a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI) e ao tipo de riscos que estão expostos.
Uma necessidade de conhecer os riscos, seguir procedimentos e observar normas já existentes se faz necessário para garantir a segurança dos trabalhadores, além de estabelecer uma gestão com segurança durante as atividades executadas.
De acordo com (DIAS, 2011) uma gestão eficaz visa compreender técnicas de prevenção, administrativas, pessoais e procedimentos de salvamentos, além de identificar os espaços confinados e os riscos existentes.
Por isso, tal assunto, nos despertou interesse, pois é visto no cotidiano a falta de preparo por parte daqueles que efetuam manobra e/ou algum tipo de manutenção em espaços confinados, onde vidas são colocadas em risco, principalmente por falta de conhecimento na área de saúde e segurança no trabalho.
Durante a análise e a escolha do tema, foi observada a falta de preparo e desinformação dos mesmos em relação aos tipos de riscos expostos, os tipos de EPIs necessários para desenvolver os trabalhos e o treinamento adequado para realizar as tarefas rotineiras com segurança.
O artigo compreendera levantamentos bibliográficos e observação dos trabalhadores de uma empresa de saneamento de água, com a finalidade de levantar as falhas nos procedimentos realizados durante os trabalhos em espaço confinado.
A primeira parte constará uma visão geral do que foi pesquisado, a segunda compreenderá a bibliográfica levantada, mostrando a visão dos vários autores utilizados, bem como exposição e explicação do espaço confinado e seus riscos.
A terceira parte constará da exposição da metodologia de estudo de caso da empresa de saneamento de água, com levantamento bibliográfico.
Já na quarta parte é feita uma análise alcançada durante o levantamento bibliográfico e o estudo de caso. E finalmente, na última parte, são apresentadas as considerações finais alcançadas pelo trabalho.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Ambientes Confinados – Caracterização
Conforme a NR 33[3], espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente seja insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio.
É também salientado em (NIOSH[4], 2009) que espaço confinado consiste em aberturas limitadas, com ventilação natural desfavorável, que possa conter contaminantes perigosos na atmosfera e impróprio para ocupação humana contínua.
A norma 14787 (ABNT, 2002) define espaço confinado como:
Qualquer área não projetada para ocupação contínua, a qual tem meios limitados de entrada e saída e na qual a ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes perigosos e/ou deficiência/enriquecimento de oxigênio que possam existir ou se desenvolver.
2.2 Caixas De Manobras E Inspeções
São caixas construídas com a finalidade de abrigar mecanismos úteis para operação e manutenção de redes de água e esgostos, como: registros, ventosas, descargas, sistemas “Cardeline”, tomadas de pitometria, colocação e retirada de stop-logs, etc. Elas são alocadas no subsolo das vias públicas que são acessadas por um tampão de aço (PV – Poço de Visita). Norma Técnica T.193/0, (COPASA, 2000).
[3] NR 33: Norma Regulamentadora 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.
[4] NIOSH: National Institute for Occupational Safety and Health. Instituto norte Americano para a saúde e segurança ocupacional.
2.3 Principais Riscos Envolvidos No Trabalho Em Ambientes Confinados
A limitação de espaço e a qualidade de ar podem levar a diversos perigos a saúde dos trabalhadores ao adentrarem para efetuar algum tipo de manutenção e ou procedimentos. A presença de gases tóxicos e a concentração inadequada de oxigênio é o problema mais comum, sendo o que leva a ocorrência de acidentes nesse tipo de ambiente.
A NR 9[5]caracteriza os riscos ambientais como sendo:
9.1.5.1 [...] agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som.
9.1.5.2 [...] agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.
9.1.5.3[...] agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.
Os principais riscos em espaços confinados são os riscos químicos, fisicos e biológicos além dos riscos atmosféricos, mecânicos, elétricos e ergonômicos.
2.3.1 Riscos Atmosféricos
Os riscos atmosféricos, publicados pelo NIOSH, é o que mais levou a morte em espaço confinado no mundo no período de 1980 e 1989. A principal causa de acidentes em espaços confinados, publicado pela OSHA[6], os riscos atmosféricos devem ser preferencialmente eliminados antes da entrada, e mantidos sob controle durante a permanência dos trabalhadores no interior dos espaços confinados.
[5]NR 9: Norma Regulamentadora 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.
[6] OSHA: Occupational Safety and Health Administration. Organismo norte americano para a promoção da saúde e segurança no trabalho.
A NBR[7] 14787 (ABNT, 2002), mostra que a condição da atmosfera em espaço confinado pode oferecer riscos aos trabalhadores, tais como morte, incapacitação, restrição de habilidades para auto-resgaste, lesão ou doença aguda causada por:
a) gás/vapor ou névoa inflamável em concentrações superiores a 10% do seu limite inferior de explosividade (LIE) (lower explosive limit- LEL);
b) poeira combustível viável em uma concentração que se encontre ou exceda o limite inferior de explosividade (LIE) (lower explosiv elimit- LEL);
A NR 33 também estabelece em seu objetivo os requisitos mínimos para identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores que interagem direta ou indiretamente nestes espaços.
A concentração de contaminantes, a presença de inflamáveis e o percentual inadequado de oxigênio, seja por deficiência ou enriquecimento, são riscos atmosféricos que podem provocar intoxicação e asfixia dos trabalhadores ou a formação de uma atmosfera inflamável/explosiva.
Tais gases ou vapores gerados nos espaços confinados podem sofrer combustão ou queimar quando sujeita a uma fonte de ignição potenciando os riscos neste ambiente.
Os gases e/ou vapores inflamáveis ou tóxicos também devem ser levados em conta uma vez que, assim como a baixa concentração de oxigênio, podem causar a morte. No caso dos gases e/ou vapores inflamáveis, devem ser medidos o LIE a fim de se evitar que ocorra a explosão do local. Uma vez identificado o espaço confinado, o mesmo deve possuir sinalização adequada a fim de se evitar qualquer tipo de entrada não autorizada e um possível acidente, evidenciado pela NIOSH (1994).
[7] NBR 14787:2002 - Espaço confinado - Prevenção de
acidentes, procedimentos e medidas de proteção.
2.3.2 Exposição A Agentes Físicos, Químicos E Biológicos
A norma regulamentadora nº 9 – NR 9, define quais são os agentes físicos, químicos e biológicos, que estando o trabalhador exposto e dependendo da concentração, intensidade e tempo de exposição podem causar danos à saúde e/ou integridade física do trabalhador.
2.3.2.1 Riscos Físicos
De acordo com a NR 9, são considerados Agentes Físicos:
Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som.
A exposição a esses agentes são caracterizadas como Riscos Físicos.
No caso do ruído, o nível de pressão sonora muitas vezes provoca efeitos indesejáveis pela sua reflexão nas paredes e teto do espaço confinado.
O calor é intensificado pela circulação reduzida do ar, aquecimento de superfícies e equipamentos no interior do espaço confinado e radiação solar constante.
As radiações não ionizantes, como a infravermelha e a ultravioleta, estão presentes em intensidades elevadas nas operações de soldagem. O risco ao trabalhador é aumentado devido à dificuldade para instalar biombos.
A umidade não está relacionada na NR 9, porém deve ser caracterizada como um agente físico.
A umidade ocorre devido à dificuldade para a retirada de líquidos do espaço confinado, cujo nível do piso muitas vezes é inferior ao nível do lençol freático, podendo encharcar o uniforme e botas do trabalhador, nas atividades realizadas em galerias, tanques, poços subterrâneos, praça de máquinas, entre outros, relatado no Guia Técnico da NR 33 por (GARCIA & KULCSAR, 2013).
2.3.2.2 Riscos Químicos
A NR 9 consideram-se agentes químicos:
Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.
A presença de contaminantes e a deficiência de oxigênio (O2) podem provocar a intoxicação, asfixia (simples ou química) e, eventualmente, a morte dos trabalhadores. Os contaminantes (aerodispersóides, gases ou vapores) podem ser gerados pelas substâncias armazenadas, pela decomposição de matéria orgânica, por vazamentos, ou pela atividade desenvolvida no espaço confinado.
O uso de motores à combustão é proibido em espaços confinados, pois geram dióxido de carbono (asfixiantes simples) e monóxido de carbono (asfixiante químico), que podem formar uma atmosfera imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde (IPVS), e a ventilação geral normalmente não é capaz de diluir os contaminantes gerados em grandes concentrações.
A oxidação normal de estruturas metálicas, a presença de bactérias, as operações que envolvam chamas abertas, a liberação ou formação de asfixiantes simples como o Argônio, Nitrogênio, Metano e Dióxido de Carbono e o consumo de ar pelos trabalhadores dentro do espaço confinado são alguns dos processos que também diminuem o percentual de O2 no seu interior.
A descontaminação do espaço confinado é crucial para a liberação dos trabalhos no seu interior, evidenciado no Guia Técnico da NR 33 por (GARCIA & KULCSAR, 2013).
2.3.2.3 Riscos Biológicos
A NR 9 caracteriza como agentes biológicos:
Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.
Espaços confinados possuem condições propícias para a proliferação de microorganismos e algumas espécies de animais, em virtude da umidade alta, iluminação deficiente, água estagnada e presença de nutrientes. Ratos, morcegos, pombos e outros animais que possuem acesso fácil a espaços confinados, e os utilizam como abrigo contra seus predadores, são vetores de doenças transmissíveis ou hospedeiros intermediários. Cobras, insetos e outros artrópodes podem provocar intoxicações e doenças. As poeiras presentes nos espaços confinados podem conter material biológico potencialmente patogênico, pela presença de excrementos, urina, saliva e demais fluidos orgânicos provenientes desses animais.
Vírus, bactérias e fungos podem provocar doenças, tais como:
- Hepatite - doença no fígado causada pelo vírus da hepatite;
- Tétano - doença causada pela bactéria Clostridium tetani, presente no solo, em fezes de animais ou humanas;
- Leptospirose - causada pela bactéria Leptospira presente na urina de ratos;
- Criptococose - causada pelo fungo Cryptococcus neoformans, presente nos excrementos de pombos;
- Histoplasmose - causada pelo fungo Histoplasma capsulatum, presente nos excrementos de morcegos;
- Raiva - causada pelo vírus presente na saliva de animais.
Devem ser adotadas medidas de prevenção como: a vacinação, a utilização de EPI (luvas, botas, óculos de segurança, máscara, roupas impermeáveis, etc.) e a manutenção da limpeza no entorno e no interior do espaço confinado. Em caso de dúvida, a água estagnada deve ser analisada para identificar a presença de possíveis agentes patogênicos como a Salmonella e coliformes fecais.
Ao se encontrar colmeias, vespeiros, ninhos de cobras ou escorpiões, o Controle de Zoonoses da Prefeitura ou Corpo de Bombeiros deve ser acionado para avaliação e controle da situação. Em caso de mordida por cobra, o trabalhador acidentado deve ser levado imediatamente ao hospital, unidade de saúde mais próxima ou outro serviço para socorro médico. Os acidentes com lacraias são raros e apresentam menor potencial de gravidade, mas, mesmo assim, o trabalhador deve ser imediatamente transportado ao hospital para tratamento. Se possível, levar o animal para que seja identificado, permitindo a seleção adequada do soro contra o veneno, abordado no Guia Técnico da NR 33 por (GARCIA & KULCSAR, 2013).
2.3.3 Elétrico E Mecânico
Incluem trabalho em altura, instalações elétricas inadequadas, contato com superfícies aquecidas, maquinário sem proteção, impacto de ferramentas e materiais, inundação, superfícies inclinadas, desabamento, e formação de atmosfera explosiva, que podem causar quedas, choques elétricos, queimaduras, aprisionamento e lesão em membro ou outra parte do corpo, afogamento, engolfamento, asfixia, incêndio e explosão.
2.3.4 Riscos Ergonômicos
Os problemas ergonômicos, normalmente, estão associados às reduzidas dimensões do acesso ao espaço confinado (exigindo contorções do corpo, o uso das mãos e dificultando o resgate em caso de acidente). A dificuldade de alternância de postura, encurtamento de membros durante a realização das atividades pode gerar desconforto reduzindo assim a permanência do funcionário nos espaços para realização de sua tarefa.
(GARCIA & KULCSAR, 2013) expõem que o acesso e a movimentação no espaço confinado são muitas vezes difíceis em razão do tamanho das aberturas de entrada e da sua geometria. A iluminação é geralmente deficiente e algumas atividades exigem esforços excessivos e posturas desconfortáveis.
Medidas como revezamento entre vigias e trabalhadores autorizados, organização do trabalho para evitar entradas e saídas desnecessárias e renovação continuada do ar dão bons resultados.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O trabalho em questão foi elaborado em estudo de caso envolvendo a manutenção em espaço confinado de caixa de manobra de água, da empresa X, mais referências bibliográficas de diversos autores que discorrem sobre trabalhos em espaços confinados, com foco em riscos, caráter qualitativo, e autores que apresentam argumentos que atestam a importância de conhecer os ricos e o uso adequado de EPIs.
Gil (1999) menciona que a pesquisa exploratória tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores.
As referências foram utilizadas para sustentar o trabalho, seguindo como base o cenário já citado de atividade em espaço confinado com a finalidade de atestar a efetividade do tema.
Os conceitos relacionados nas referências bibliográficas e o estudo de caso apresentam as vantagens de adotar as práticas de previsibilidade e antecipação de problemas, além de mostrar os ganhos que os trabalhadores podem obter com tal prática.
Um dos pontos de maior relevância apresentado é com relação à segurança do trabalhador, pois a preocupação com a segurança sobrepõe às questões diversas. Ninguém quer ser responsável por acidente fatal decorrente de descuido, que poderiam ser evitados. A pesquisa visou a confrontação de diversos autores para reforçar a importância da prevenção utilizando técnicas para garantir a segurança do trabalhador nos espaços confinados.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
As caixas de manobra de água fazem parte da rede de distribuição que é a estrutura mais integrada à realidade urbana. É constituída de um conjunto de tubulações interligadas ao longo das vias públicas ou nos passeios, conduzindo água aos pontos de consumo (indústrias, residenciais, comércio, hospitais, etc).São constituídas por várias peças (curvas, registros, válvulas redutoras de pressão, ventosas,tês, flanges dentre outras). Elas são utilizadas para fechar e abrir válvulas/registros quando há o rompimento e/ou manutenção das redes de abastecimento de água. Elas são alocadas no subsolo das vias públicas que são acessadas por um tampão de aço (PV – Poço de Visita).
Os Poços de Visitas são dispositivos de inspeção construídos em pontos críticos ou convenientes das redes e obras de esgotos sanitários.
O procedimento adotado e preparação para entrar nas caixas de manobras são seguidos de acordo com as normas de segurança estabelecido pela Empresa X, o que pode proporcionar a possiblidade de redução de acidentes por falta de informação.
Os riscos rotineiros nas caixas de manobras vivenciados pela empresa é o risco atmosférico. Por isso, a empresa procura seguir os critérios de inspeções antes de permitir que os empregados entrem nos espaços confinados.
A verificação é realizada visualmente, e/ou através de aparelhos, que permita a verificação das condições de segurança, para a realização de trabalhos em ambientes confinados e, inclusive, orientar as providências que se façam necessárias para alcançartais condições.
Os trabalhadores que normalmente entram nestes espaços, após a liberação da PET[8], insufla ar, através de equipamento de ar para ventilação do ambiente confinado, efetua o teste com o lampião teste de gás, que permite a constatação visual da existência de gases tóxicos e/ou explosivos e a ausência ou insuficiência de oxigênio nos ambientes confinados, construído conforme o Projeto Padrão utilizado pela empresa.
A falta de quaisquer dos equipamentos necessários à realização das atividades com segurança em ambientes confinados, ou a constatação de defeitos funcionais nos mesmos, implicará na suspensão dos serviços, devendo a ocorrência ser imediatamente relatada à chefia.
No caso do ambiente confinado tiver tubulação de água pressurizada, recomenda-se, se necessário, a critério do responsável pelo serviço, a despressurização da tubulação e de seus acessórios antes de entrar no ambiente, principalmente quando a mesma apresentar vazamento.
Os ambientes confinados devem ser adequadamente sinalizados, identificados e isolados, para evitar que pessoas não autorizadas adentrem a estes locais.
A empresa analisada preocupa em manter a informação para seus empregados e tercerizados para prevenção e segurança do trabalhador em espaço confinado seguindo os requisitos da NR33 de medidas técnicas de prevenção de acordo com o item 33.3.2:
a) identificar, isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada de pessoas não autorizadas;
b) antecipar e reconhecer os riscos nos espaços confinados;
c) proceder à avaliação e controle dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos;
d) prever a implantação de travas, bloqueios, alívio, lacre e etiquetagem;
e) implementar medidas necessárias para eliminação ou controle dos riscos atmosféricos em espaços confinados;
f) avaliar a atmosfera nos espaços confinados, antes da entrada de trabalhadores, para verificar se o seu interior é seguro;
g) manter condições atmosféricas aceitáveis na entrada e durante toda a realização dos trabalhos, monitorando, ventilando, purgando, lavando ou inertizando o espaço confinado;
h) monitorar continuamente a atmosfera nos espaços confinados nas áreas onde os trabalhadores autorizados estiverem desempenhando as suas tarefas, para verificar se as condições de acesso e permanência são seguras;
i) proibir a ventilação com oxigênio puro;
j) testar os equipamentos de medição antes de cada utilização; e
k) utilizar equipamento de leitura direta, intrinsecamente seguro, provido de alarme, calibrado e protegido contra emissões eletromagnéticas ou interferências de radiofrequência.
[8]PET: Permissão de Entrada e Trabalho. Documento
obrigatório para entrada em espaços confinados, previsto no Anexo II da NR 33.
SOARES (2012) salienta que um dos grandes perigos de acidentes em espaços confinados é a desinformação. Esta desinformação pode ocorrer por parte do empregador e/ou principalmente, por parte do trabalhador que adentra no espaço confinado. É necessário um conhecimento por parte do corpo técnico ao deparar com tal situação de risco e saber lidar com o problema estabelecido e consequentemente estabelecer uma gestão de segurança e saúde.
Não basta apenas ter conhecimento das normas existentes, seguir procedimentos ou treinamento. Faz necessário estar sempre adquirindo novos conhecimentos e aprender a lidar com os espaços confinados, de forma a evitar acidentes e ou garantir um resgaste mais eficiente, sem colocar em risco a equipe de resgate e o resgatado.
O nível mínimo de oxigênio recomendado, segundo as normas da Occupational Safety and Health Administration (OSHA), é de 19,5%. Níveis de oxigênio próximos a 14% já se sente dificuldade para respirar, próximos a 12% causam confusões mentais, inferior a 10% ocorre perda de consciência e abaixo de 8% causa a morte.
A atmosfera de risco está sujeita a condição em que o espaço confinado se encontra. E esta condição norteará às restrições a habilidade e os efeitos fisiológicos, bem como sua sinalização, identificados e isolados, para evitar que pessoas não autorizadas adentrem a estes locais.
Na (NIOSH, 1994) expõe a concentração de oxigênio e seus efeitos fisiológicos para quem entra em espaço confinado.
O ar ambiente tem um teor de oxigênio de 21%. Quando o nível de oxigênio for inferior a 17%, o primeiro sinal de hipoxia é uma deterioração da visão noturna, geralmente não é perceptível. Efeitos fisiológicos incluem o aumento do volume de respiração e batimento cardíaco acelerado. Entre 14% e 16% efeitos fisiológicos são o aumento do volume de respiração, batimento cardíaco acelerado, a coordenação muscular pobre, fadiga rápida, e respiração intermitente. Entre 6% e 10%, os efeitos são náuseas, vômitos, incapacidade de realizar movimentos e inconsciência. Em concentrações inferiores a 6%, há uma perda rápida de consciência e morte em minutos.[9]
[9]Traduzido pelo autor.
Uma gestão de planejamento se faz necessário, conforme NR-33 (MTE, 2012) para mitigar ou acabar com o perigo e tal gestão deve ser tomadas medidas de prevenção, administrativas e pessoais.
Faz necessário observar e seguir as normas existentes de forma a garantir a segurança do trabalhador dos espaços confinados. Ficar atento aos riscos que o espaço oferece e o perigo de morte, capacitação, restrição da habilidade para auto-resgate, lesão ou doença aguda causada por uma ou mais das seguintes causas.
A NBR 14787 (ABNT, 2002) relata requisitos necessários para manter e deixar a utilização do espaço confinado mais seguro, conforme o item 4.:
- Todos os espaços confinados devem ser adequadamente sinalizados, identificados e isolados, para evitar que pessoas não autorizadas adentrem a estes locais.
- Se o empregador, ou seu representante com habilitação legal, decidir que os trabalhadores contratados e subcontratados não devem entrar no espaço confinado, o empregador deverá tomar as medidas efetivas para evitar que estes trabalhadores entrem no espaço confinado.
-Se o empregador, ou seu representante com habilitação legal, decidir que os trabalhadores podem entrar no espaço confinado, o empregador deverá ter desenvolvido e implantado um programa escrito de espaços confinados com permissão de entrada. O programa escrito deverá estar disponível para o conhecimento dos trabalhadores, seus representates autorizados e órgãos fiscalizadores.
- O empregador, ou seu representante com habilitação legal, deve coletar dados de monitoração e inspeção que darão suporte na identificação de espaços confinados.
- Antes de um trabalhador entrar nun espaço confinado, a atmosfera interna deverá ser testada por trabalhador autorizado e treinado, com um insutrumento de leitura direta, calibrado e testado antes do uso, adequado para trabalho em áreas potencialmente explosivas, intrinsecamente seguro, protegido contra emissões eletromagnéticas ou interferências de radiofrequências, calibrado e tesado antes da utilização para as seguintes condições:
a) concentração de oxigênio;
b) gases e vapores inflamáveis;
c) contaminantes do ar potencialmente tóxicos.
- O registro de dados deve ser documentado pelo empregador, ou seu representante com habilitação legal, e estar disponível para os trabalhadores que entrem no espaço confinado.
A NR 33 no item 33.3.2, também corroboram a necessidade de medidas técnicas de prevenção através da visão e ou aparelhos, monitoramento continuo, prever instalação de travas, bloqueios, alívio, lacre e etiquetagem e outros; com a finalidade que permita condições mínimas de segurança para realizar o trabalho, sem esquecer a PET no espaço confinado.
Também fica visível a necessidade de observar as questões de medidas pessoais conforme o item 33.3.4 da NR 33 (MTE, 2012) relatado abaixo:
33.3.4.1 Todo trabalhador designado para trabalhos em espaços confinados deve ser submetido a exames médicos específicos para a função que irá desempenhar, conforme estabelecem as NRs 07 e 31, incluindo os fatores de riscos psicossociais com a emissão do respectivo Atestado de Saúde Ocupacional - ASO.
33.3.4.2 Capacitar todos os trabalhadores envolvidos, direta ou indiretamente com os espaços confinados, sobre seus direitos, deveres, riscos e medidas de controle, conforme previsto no item 33.3.5.
33.3.4.3 O número de trabalhadores envolvidos na execução dos trabalhos em espaços confinados deve ser determinado conforme a análise de risco.
33.3.4.4 É vedada a realização de qualquer trabalho em espaços confinados de forma individual ou isolada.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo visou mostrar os riscos decorrentes em serviços realizados em espaços confinados. E que os mesmo devem ser observados de acordo com os critérios de segurança para adentrar e realizar os trabalhos necessários.
Faz valer a observância de Análise de riscos, Normas e treinamentos. Os treinamentos são sempre úteis para os trabalhadores nos espaços identificados como espaços confinados. Deve observar sempre as pessoas autorizadas em entrar nos espaços, treinamento, os critérios de segurança, nunca entrar sozinho e sempre preencher a PET, sinalização.
Dados estatísticos não foram possíveis apresentar por haver resistência da empresa analisada em disponibilizar dados essenciais e ou estatísticas a respeito de acidente ocorrido nos últimos anos e por não conseguirmos encontrar dados na internet em órgãos ou instituições que mostrem os últimos acidentes ocorridos nos últimos anos.
Conhecer os riscos, e adotar medidas que proporcione colocar em práticas os critérios de seguranças que as NRs, NBRs e decretos, garantem que o empregador e o empregado promovam segurança em suas atividades e direcione treinamentos e mecanismos que proporcione a redução de riscos em espaços confinados.
Portanto, recomenda-se melhorias para execução de suas atividades, principalmente no auto-resgate, que deve ser desenvolvido pelo trabalhador através de treinamento, e uso de equipamentos necessários, para possibilitar seu escape com segurança de espaço confinado, bem como melhorias e utilização de check list para entrada nesses espaços.
RISKS OF WORK IN CONFINED SPACE: WATER OPERATING CASH
ABSTRACT
The environment characterized as confined space can be defined as a volume enclosed by walls and obstructions that have restrictions: the rescue of people, access, movement and natural ventilation. This environment deserves special attention by health and safety department since the accidents in this type of environment has a great gravity. The methodology used was a case study in drinking water for maneuver box that aims to present the basic information to define and identify risks and most common dangers related to work in confined spaces. Therefore, this study aims a critical analysis of the activity, assessment of risks, proposals for training in order to avoid new victims when working in confined spaces.
Keywords: Confined Space,Risks and Dangers.
REFERÊNCIAS
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SOARES, João Cesar. Método para identificação dos fatores que influenciam na segurança do trabalho em espaços confinados: Estudo de caso na construção de embarcações. – Rio de Janeiro: UFRJ, 2012. Disponível em: http://www.dissertacoes.poli.ufrj.br/dissertacoes/dissertpoli302.pdf. Acesso em: 19 mar.2015.
[1]Trabalho apresentado na conclusão do Curso de Pós Graduação em Segurança do Trabalho, da Faculdade Pitágoras, ano 2015.
3Engenheiro de Produção, Pós-Graduando em Segurança do Trabalho, rei.j@ig.com.br
[3]NR 33: Norma Regulamentadora 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.
[4] NIOSH: National Institute for Occupational Safety and Health. Instituto norte Americano para a saúde e segurança ocupacional.
[5]NR 9: Norma Regulamentadora 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.
[6] OSHA: Occupational Safety and Health Administration. Organismo norte americano para a promoção da saúde e segurança no trabalho.
[7]NBR 14787:2002 - Espaço confinado - Prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de proteção.
[8]PET: Permissão de Entrada e Trabalho. Documento obrigatório para entrada em espaços confinados, previsto no Anexo II da NR 33.